Parque dos Três Picos - Nova Friburgo

Dia 18 de março – Sexta-feira
“Quebrou o dedo na véspera do nosso acampamento??? Não acredito!!”
Foi assim que meu marido foi recebido quando chegou em casa às 19:30 e me mostrou seu dedo enfaixado. A façanha foi conseguida na aula de Muay Thai.
“Mas foi só a ponta do dedo(falange distal), não vai ter problema para fazer trilha.”
Mas acham que isso foi motivo para desanimar? Não, não!!
 



Dia 19 de março – sábado
Acordamos às 5:30 da madrugada! Acabamos de organizar tudo e saímos de casa às 6:30.
Minha mochila: 13 quilos
Mochila do Rodrigo: 21 quilos!!!


Pegamos a estrada BR-040 e seguimos por aproximadamente 99 kms até sair na entrada para Teresópolis/Nova Friburgo. Entramos então na BR-116 (Teresópolis - Nova Friburgo) e continuamos até o acesso para Magé/Nova Friburgo. Seguimos pelo acesso até entrar na BR-493/BR-116. Seguimos em frente pela BR-493/BR-116 em direção a Teresópolis, continuando em frente na placa para Teresópolisda/Gov. Valadares/N. Friburgo. A rodovia vira BR-116.



Seguimos em frente pela BR-116 até a saída para a BR-492, seguindo a placa Teresópolis/Nova Friburgo/Retorno.








Seguimos pela direita em direção a Friburgo e entramos a direita na BR-492.



Viramos a direita na estrada Teresópolis-Friburgo



















Saímos da estrada Teresópolis-Friburgo, seguindo a placa Barracão do Mendes/Salinas/Três Picos/S. Lourenço. Mais a frente tem uma segunda placa para o Parque dos 3 picos, mandando entrar a direita. Porém a saída é um pouco mais a frente, logo após o posto de gasolina.






















Seguimos em frente, passando por outra placa para o parque, até chegarmos na saída para uma estradinha de terra que leva até o parque.

























Até este ponto seguimos por GPS e uma rota traçada no google. 
Segue a rota: https://goo.gl/maps/VRQA6dgAEVs

É preciso enfrentar uma estrada de terra com muitos buracos e pedras para chegar a entrada do Parque! A entrada fica ao lado direito da Pousada da Sônia. E quase passa despercebida pois não há uma placa sequer que indique que ali é o Parque!

Chegamos na entrada do Parque Estadual dos Três Picos às 9:30.

Mochilas nas costas e começamos a subir! E logo no início da trilha me assustei ao perceber que a sola das minhas botas estavam soltando!! Minhas botas caríssimas, que não tenho nem há um ano!
 

Subimos, subimos e não vimos viva alma no caminho! Comecei a acreditar no que o Rodrigo havia me falado: “Seremos os únicos no camping! Vamos ter uma noite de completo silêncio!”
Durante boa parte da caminhada fomos brindados com a linda vista dos Picos que dão nome ao Parque!








Depois de uma hora de subida chegamos a republica 3 picos (Mascarin). Um rapaz que trabalha no Parque resolveu seguir até o camping conosco. Comemos amoras e morangos silvestres!
Mais meia hora e avistamos o camping! E ele estava exatamente como o Rodrigo tinha previsto! Completamente vazio!
Montamos nossa barraca sossegados e de repente chegaram dois rapazes. Ok, ok, duas pessoas não vão fazer muito barulho! Mas qual não foi nossa desilusão quando eles nos disseram que outras 25 pessoas estavam a caminho!!!
E de fato chegaram... E o camping parecia um formigueiro!






Almoçamos: arroz, feijão, vagem (tudo levado já cozido) e ovo mexido.
Lavei a louça, relaxamos um pouco e fomos caminhar! Trilha Cabeça do Dragão (2073 m de altitude).
A trilha é bem marcada e é considerada de nível moderado. A trilha passa por dentro de uma floresta, a floresta mais úmida pela qual já passamos! Depois passa por um trecho de capim alto. E então a paisagem fica linda! Com uma ampla visão do Vale dos Deuses de um lado e do Pico maior e do Capacete do outro.


 

 





Seguimos mais um pouco, agora por uma subida de pedras. Ainda havia mais alguns metros para subir para então chegarmos ao cume da Cabeça do Dragão quando uma forte névoa tomou conta de tudo e encobriu a belíssima paisagem!    

 
Ficamos algum tempo sentados na pedra, decidindo se íamos subir os metros que faltavam para chegar ao cume ou se íamos descer. Rodrigo me convenceu que seria imprudente ficarmos lá pois a névoa estava aumentando e poderíamos ter dificuldade para descer com a visibilidade limitada.
E então descemos. No caminho encontramos com o grupo que estava acampado conosco.
Chegando ao camping fomos logo para a missão banho! Banho gelado?? Não! Banho morninho com água aquecida no fogareiro. A missão não foi assim tão simples porque o chuveiro estava com defeito e tínhamos que encher garrafas d’água na torneira da pia e levar para o banheiro...
Colocamos a lona na grama, deitamos e apreciamos o tranquilo anoitecer. E então as primeiras estrelas apareceram sincronizadas com o frio. E quanto mais estrelas apareciam, mais frio ficava!! Colocamos o casaco de fleece, o casaco impermeável e o saco de dormir! E pensar que a poucas horas dali todos estavam derretendo no calor do Rio...
Depois de duas horas apreciando o céu, levantamos e preparamos nosso jantar: macarrão com alho e óleo.
Exaustos, deitamos às 21:00. Os outros 24 tinham voltado da trilha há pouco e nosso silêncio tão desejado virou lenda...

Mas logo resolvi o problema com um tampão de ouvido.

Dia 19 de março - Domingo

Acordamos às 6:30 com o falatório do grupo dos 24 que estava se preparando para fazer a Trilha da Caixa de Fósforo. Ficamos ainda um pouco na cama, aliás, nos nossos isolantes, curtindo a paisagem verde e o friozinho gostoso!


Tomamos café e fizemos amizade com 4 rapazes (Matheus, Natã, Gabriel e Leonardo) que estavam acampados ao nosso lado e que não faziam parte do grupo dos 24. Eles nos disseram que iam fazer a trilha do Pico Menor. Contamos que íamos fazer a mesma trilha e eles nos convidaram para ir com eles. Aceitamos!

Colocamos nossas roupas de caminhada, nossas botas e começamos a fazer a trilha às 9:00. 





Passamos por algumas porteiras e por uma linda fazenda.




Logo descobrimos porque a trilha é considerada pesada e exige um bom preparo físico para fazê-la: é uma subida interminável!! 


Atravessamos uma floresta Ombrófila, uma bonita cachoeira e a subida passou a ficar mais íngreme. 




 

E de repente chegamos a um costão de pedra. Oh não!! rocha!!??

                            



"-Bom passeio para vocês! Eu vou ficar por aqui esperando por vocês."

Mas não me deixaram ficar ali quietinha. Dois rapazes do grupo subiram rapidamente a rocha e amarraram uma corda numa árvore. Disseram que a vista ali de cima valia a subida. Não tive opção: contei até 3 e subi!! Rodrigo subiu logo em seguida, segurando com as duas mãos a corda, esquecendo a orientação do médico para fazer repouso total na mão esquerda!

A vista realmente era linda! Uma amplitude magnífica!



Fiquei feliz por ter subido e tinha certeza de que não haveria outro desafio naquele dia quando nos deparamos com um paredão de rocha e terra, onde havia uma corda velha pendurada nos convidando a subir...



Os 4 rapazes subiram rapidamente e chegou a vez do Rodrigo. Ele achou que seria melhor subir pelo lado esquerdo, onde havia uma árvore que serviria de apoio para a subida. E assim fez: largou a corda e foi subindo segurando a árvore. De repente a árvore se desgrudou do chão e aqueles segundos que o Rodrigo ficou solto no ar, despencando, pareceram longos minutos! Felizmente ele foi muito rápido e conseguiu agarrar a corda. Ufa!! Seu relógio de pulso voou, sorte que consegui achar o pedaço da pulseira e o relógio que caíram no mato. Rodrigo estava todo imundo de lama, inclusive a tala do dedo quebrado! E então foi minha vez: era preciso ter força nos braços para ir puxando a corda e subindo pois em alguns trechos não tínhamos pontos de apoio. Como minha força não é lá das maiores, Rodrigo me ajudou no final, me dando um puxão para eu conseguir chegar ao fim!


  


Dois momentos tensos. Não poderia haver um terceiro, fui pensando... Continuamos subindo, subindo... Passamos ao lado de uma enorme rocha! E de repente lá estava ele: o terceiro desafio! Outra rocha nos esperava... Os 4 rapazes subiram e, ao observá-los, percebemos que os matos que eles seguravam eram muito frágeis, que uma pegada em falso e já era... Eles amarraram uma corda, mas ainda assim não achamos prudente subir, Rodrigo com um dedo quebrado e imobilizado e eu com meu conhecido medo de escalaminhadas. Desejamos boa aventura para eles e combinamos de esperá-los na descida de rocha que subimos pela corda amarrada por eles pois eu não tinha certeza que conseguiria descer sem a corda deles.


Minha bota cada vez pior me preocupava pois parecia que não ia suportar a descida...





Passamos pela corda e pela árvore "derrubada" pelo Rodrigo. E então chegamos ao momento crítico: descer sem corda ou esperar durante horas a volta dos nossos amigos. Rodrigo analisou a descida e chegou a conclusão que dava para descer pelo canto da rocha, onde era possível nos apoiarmos em algumas saliências e plantas. E assim, descemos pela rocha e finalmente relaxamos. Daí então seria uma longa descida, sem meus temíveis desafios. Comemos amendoim para comemorar e recuperar energias!


Chegamos ao acampamento às 15:00! E surpresa: ele estava completamente vazio! Todos já tinham desmontado suas barracas e ido embora!




Almoçamos sossegadamente na mesa do camping: arroz, feijão, ovo mexido e vagem.


Lavei a louça, Rodrigo desmontou a barraca e arrumamos tudo (que bagunça!). E então os 4 rapazes chegaram da trilha. Disseram que depois que paramos, passaram ainda por vários trechos tensos, mas que valeu a pena! Foram ainda do Pico Menor ao Pico Médio de corda(quase um rapel)!


17:30 - Tudo organizado: mochilas nas costas, bota amarrada com uma corda para eu não perder o solado e começamos a descer. Logo escureceu e lembramos que esquecemos de deixar nossas lanternas a mão... Continuamos descendo assim mesmo. E a escuridão cada vez mais intensa. Felizmente o quarteto de amigos do camping nos alcançou e foram iluminando a trilha com suas lanternas.

  







19:00 - Chegamos ao carro. E o quarteto ainda caminhou por 2 kms pois tinham deixado o carro em frente a outra pousada.

E voltamos para casa com a vontade de voltar ao Parque dos 3 Picos e desbravar as outras tantas trilhas que a natureza oferece!