PERDIDOS NA TRILHA... - PNI

Dia 10 de julho de 2015 – Sexta-feira
E foi, como de costume, numa sexta-feira a noite, que partimos para o nosso terceiro acampamento!
Novamente pegamos um longo engarrafamento na saída do Rio de janeiro... Fomos subindo a serra e a temperatura foi despencando até atingir 9 graus! Que delícia!
Fizemos o mesmo trajeto da outra vez: saímos da Dutra em Engenheiro Passos. Seguimos pela Br 354 durante 26 kms, até a Garganta do Registro, onde começamos a subir por uma estrada de terra, como se fôssemos para o Parque Nacional de Itatiaia, a única diferença foi que entramos numa estrada à esquerda, uns 5 kms antes de chegarmos ao Parque. Estrada bem precária, por sinal. Andamos 7 kms por ela e então chegamos a Pousada dos Lírios por volta de 1:00. A recepção já estava fechada. Estacionamos na área de camping. Havia umas 7 barracas montadas e seus habitantes pareciam não estar com sono algum porque estavam do lado de fora conversando animadamente!
Montamos a barraca ao lado do carro, na parte do terreno que parecia menos inclinada. Barraca nova, por sinal! Muito espaçosa! Tão grande que foi possível guardar mochilas, comida, apetrechos de trilha, tudo dentro dela! E ainda tivemos bastante espaço para nos acomodar!


Exaustos depois de um dia de trabalho e da viagem, deitamos. Tudo que eu queria era ouvir o silêncio da natureza. Mas, infelizmente, nossos vizinhos estavam ainda num papo bastante animado, apesar do adiantado da hora...  Sem melhor alternativa, enfiei um chumaço de algodão nos ouvidos e tentei dormir. Foi assim que estreei o kit de emergência tão minuciosamente preparado pelo Rodrigo. O falatório ficou um pouco abafado e depois de uma meia hora, me entreguei ao sono... Sono este que foi interrompido pelo meu marido dizendo:
“Estão sacudindo a barraca! Tem alguém embaixo da barraca!”.
Depois dessa intervenção sonambúlica, demorei mais uma meia hora para dormir de novo...
Dia 11 de julho de 2015 - Sábado
Não acreditei quando olhei o relógio e vi que ainda eram 6:30 e o falatório alto já estava repercutindo pelo camping como se fosse meio-dia!! Ficamos na cama até às 7:30. Tomamos café da manhã numa mesinha de madeira próxima a nossa barraca.
Arrumamos tudo e fomos para o Parque de Itatiaia. Fomos surpreendidos por uma enorme fila na recepção! Umas 100 pessoas tiveram a mesma ideia: desbravar o parque naquele sábado. Felizmente, a fila andou rapidamente. Quando chegou nossa vez, preenchemos uma ficha informando qual trilha iríamos fazer e assinamos um termo de responsabilidade.
Obs: só é permitido fazer a trilha que informamos ao parque que vamos fazer porque, se algo acontecer, os responsáveis pelo Parque saberão onde nos encontrar.
Caminhamos por 40 minutos pelo trajeto já conhecido, de terra e pedras, que nos leva ao Abrigo Rebouças. Desta vez tive vontade de correr por ele, tão feliz estava sem aquela mochila pesada que me torturou da outra vez...Chegando ao Abrigo Rebouças, senti um calafrio ao lembrar da minha noite congelante...















Seguimos por uma trilha de muitas pedras durante uma hora e meia (3 kms de caminhada). No final, não tínhamos certeza se estávamos no caminho certo, então, resolvemos perguntar para dois trilheiros que estavam almoçando por ali. Muito simpáticos, eles nos disseram que estávamos no caminho certo sim e além disso, nos deram uma ótima dica: na volta, poderíamos voltar por um caminho diferente – pelo Circuito dos 5 Lagos – 3 horas de caminhada. Ficamos bastante entusiasmados com a ideia de conhecer uma nova trilha. Eles nos garantiram que era uma trilha bem sinalizada. Apesar de ainda não ter sido homologada pelo parque, havia totens (“esculturas” feitas de 5 pedras em ordem decrescente) e estacas vermelhas por toda a trilha. Medrosa como sou com pedras, perguntei se havia precipício no caminho. Disseram que havia apenas um, logo no início, e, se eu passasse por ele, não haveria mais nenhum.






Despedimos dos rapazes, agradecemos muito pela dica e seguimos por uma montanha bem íngreme até o cume da Pedra do Altar. Chegamos exauridos lá em cima, mas a vista espetacular compensou o esforço! Esta montanha é a 14ª montanha mais alta do país (altitude: 2665 metros). De lá temos uma vista exuberante das Agulhas Negras!

Havia um grupo de 10 pessoas com um guia lá em cima. Conversamos com eles, contamos sobre a dica dos trilheiros. O guia não nos encorajou a ir, pelo contrário, disse que era melhor fazermos este trajeto apenas com a companhia de um guia. Logo depois eles desceram. Rodrigo e eu ficamos sozinhos. Que paz! Uma imensidão de pedras e árvores nos cercava para onde quer que olhássemos!


Outras pessoas chegaram exatamente quando tínhamos acabado de almoçar.
Ventava muito forte, fazendo com que a temperatura caísse drasticamente! Imaginamos como seria horrível passar uma noite ali, já estando tão frio àquela hora do dia!
Às 13:30 resolvemos começar nossa caminhada de descida. Fomos pelo caminho indicado pelos trilheiros. Descemos o trecho íngreme e viramos à direita onde havia uma placa indicando: Circuito dos 5 lagos. E lá fomos nós, muito animados, desbravar esta nova trilha!
Resolvemos aproveitar para almoçar. Precisávamos repor energia! Ligamos o fogareiro e comemos nosso arroz com legumes. Sobremesa: chocolate amargo.


Meia hora de caminhada por uma trilha bem marcada nos animou ainda mais! Chegamos a tal rocha que eles tinham nos dito que encontraríamos. Respirei fundo e resolvi encará-la! Precisava enfrentar meu medo! Era preciso atravessar a rocha em sentido vertical. E, com o incentivo do Rodrigo, consegui! Mas, para minha apreensão, havia outra rocha... Esta era preciso subir. Procurei não olhar para baixo, mas às vezes a vontade era inevitável e eu dava uma olhada... E então vinha um medo terrível de cair e me esborrachar pela pedra abaixo... Rodrigo já tinha subido tudo e me chamava:
“Vem logo! Não podemos demorar! A trilha é grande, temos que sair dela antes do anoitecer!”
Inclinei meu corpo para a frente o máximo que pude, segurei em todos os matos que vi e subi! Quando cheguei ao topo, olhei para baixo e tive certeza que eu não desceria por este caminho! Eu havia conseguido subir, com certa dificuldade. Mas descer? Nunca!!
Foi então que senti uma dor horrível de estômago! O nervoso por atravessar as pedras deve ter causado a dor. Mas não houve tempo para lamentar... Era preciso continuar andando, ou ficaríamos na trilha a noite...
Ficávamos felizes cada vez que encontrávamos um toten ou uma estaca vermelha. Era algo parecido com a alegria de encontrar ovos de páscoa! Mas de repente as marcações acabaram... Procurávamos, procurávamos e não havia mais totens ou estacas... E agora? O que faríamos? Rodrigo sugeriu que voltássemos pelo caminho por onde viemos, mas eu logo afirmei que jamais desceria aquela pedra que me causou dor de estômago! Então só havia uma solução: seguir nossos instintos e achar o caminho...
Tentamos seguir em frente, mas chegamos à conclusão que aquela não poderia ser a trilha. Trilha no meio de um matagal tão alto que cobria nossas cabeças? Não, definitivamente não podia ser! Voltamos e resolvemos descer à esquerda. Descemos por uma meia hora por um caminho com bastante mato, mas não tão alto quanto aquele outro. De repente o Rodrigo, que sempre ia na minha frente, parou e berrou:
“Pare! Pare! Abismo!”
Com certa dificuldade, conseguiu subir o morro. Ufa! Que susto!!
Voltamos um pouco o trecho que nos levou ao precipício e descemos por um outro. Não pude acreditar quando vi que havia uma rocha para atravessar neste caminho! Rodrigo avisou:
“Não tem jeito, não tem saída. Você vai ter que descer! Não temos tempo para procurar outra descida...”
Oh não! Oh não! Comecei a chorar enquanto o Rodrigo ia descendo a pedra agachado... Ele ainda tentou me ajudar, dizendo que eu podia ir grudada nele, que eu não cairia... Mas olhava para baixo, nenhum lugar para segurar, nenhum matinho... Não, não dava para descer... E ele ficou lá, exatamente no meio da pedra, se equilibrando e implorando para eu tomar coragem e descer!
“Você quer que eu chame os bombeiros??? “
“Quero... “, disse entre lágrimas que molhavam meu casaco...
Não conseguindo mais se equilibrar, o Rodrigo desceu toda a rocha. Muito irritado, ele disse:
“O que vou falar para a sua mãe?? Que te larguei no meio do mato sozinha??”
Percebi que, de uma forma ou de outra, eu tinha que descer. Subi novamente o trecho que nos levou a esta pedra e falei para o Rodrigo que ia procurar um caminho alternativo. Fui, decidida e ainda trêmula de medo da pedra, procurar uma saída melhor daquele inferno chamado Circuito dos 5 Lagos!!
Fui me afastando, mas ainda conseguia ouvir:
“Não faça isso!! Vai escurecer! Tenha coragem e desça por aqui!!”
Subi, subi, virei à minha direita e comecei a descer. E o melhor de tudo: parecia não ter mais pedras no caminho! De repente o mato começou a ficar alto, alto demais para o meu gosto! Tão alto que cobria a minha cabeça! Com muita dificuldade, fui desbravando o mato... Abria os braços para afastá-lo, pulava em cima dele para amassá-lo... Fui seguindo meu rumo sem rumo, pensando que talvez eu não conseguisse sair daquele labirinto de mato, talvez tivesse que dormir ali e enfrentar o frio congelante da madrugada, a onça, os lobos guarás e a sede...  Até que de repente ouvi o Rodrigo me gritando lá de baixo. Ele não conseguia me ver porque o mato me escondia. Levantei o braço bem alto e ele me enxergou graças a manga rosa do meu casaco. E de lá ele foi me orientando na descida:
“Vá para a sua direita... Agora para a esquerda. Desce um pouco e depois vire à direita... Cuidado! Tem um precipício a sua esquerda!”
E assim fui descendo por um caminho sem trilha, que parecia não ter fim...
Eu já estava bastante desesperada, mas fiquei ainda mais ao saber que o Rodrigo tinha perdido seu celular durante a descida...
Depois de mais ou menos uma hora descendo pelo meio do mato cerrado, meu pesadelo acabou e finalmente cheguei onde o Rodrigo estava!
Ele me abraçou forte, me beijou e disse com emoção:
“Que bom, meu amor, você conseguiu descer!”
Não, não disse nada disso... Não tínhamos tempo para romantismo... Apenas falou:
“Corre! Não pare! Temos que sair daqui antes de anoitecer!”
O pesadelo acabou? Quem disse? Estava apenas na metade... O caminho não melhorou depois dali. Continuamos atravessando o mato cerrado. A única diferença é que agora o caminho era plano, não tinha mais descida. Bem, plano de certa forma, pois caíamos em grandes desníveis a todo momento...
E, como milagre, o mato cerrado acabou! Mas logo surgiu o bambuzal fechado! Me senti um bombeiro quando tivemos que descer deslizando por uma árvore para alcançar a parte de baixo do terreno que nos levaria ao fim desta trilha sem fim!
Vimos ao longe a torre da portaria do Parque e fomos nos guiando por ela.
Uma trilha perfeita não poderia deixar de ter um pântano no meio, certo? Certíssimo! E assim passamos meia hora atravessando charcos... Além do cansaço de nossas pernas, a caminhada se tornou mais difícil com os tênis encharcados...
E aí você me pergunta: e os 5 lagos? Ótima pergunta!! Onde esconderam os 5 lagos??
Nossas bocas estavam rachadas, estávamos sedentos já há algum tempo... Parecia miragem, mas era real: uma nascente de água límpida em nosso caminho! Enchemos nossas garrafas e matamos nossa sede.
Às 17:30 alcançamos aquela estrada de terra e pedras, nossa velha conhecida! Beijei o chão e agradeci a Deus por termos conseguido voltar!!
Andamos rapidamente até a portaria. Não havia mais ninguém no Parque. Todas as 100 pessoas tinham cumprido o horário e ido embora até às 17:30. O rapaz que estava na recepção nos saudou feliz:
“Ah! Aí estão vocês! Aconteceu alguma coisa?”
Com medo de sermos chamados a atenção, poupamos os “detalhes”. Falamos apenas que nos atrasamos procurando o celular que o Rodrigo havia perdido na trilha...
Nos tacamos no carro, tiramos os tênis e ainda deu tempo e ânimo de admirar o magnífico pôr do sol!
Chegamos a Pousada e fomos logo tomar banho. A água felizmente não era fria!
Jantamos macarrão. Rodrigo não parava de tremer, apesar de estar cheio de casacos.
Lavei a louça, escovei os dentes e o Rodrigo prostrado, com certeza com febre de tanta andança e nervosismo...
Deitei às 20:30. Meu corpo clamava por cama! Mas o aconchegante saco de dormir serviu bem!
Algodões nos ouvidos, muitos agradecimentos a Deus por termos achado o caminho de volta e... zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
Dia 12 de Julho de 2015 – Domingo-
Acordamos às 6:30 com o falatório do grupo animado que ia sair cedo para fazer trilha. Trilha??? Não quero ouvir esta palavra tão cedo!!
Ficamos na cama, aliás, nos sacos de dormir até às 8:00. Tomamos café e organizamos tudo. Como dá trabalho! Colocamos os sacos de dormir, isolantes, travesseiros e toalhas numa corda no sol. Enquanto isso, lavamos a lona e a louça.
Tudo limpo e seco! Organizamos tudo no carro, pagamos a pousada e seguimos rumo ao Parque de Itatiaia Parte Baixa.
Chegamos lá às 14:00, mortos de fome! Comemos num restaurante dentro do parque, acho que o único. Felizmente tinha comida vegetariana! A cozinheira disse que passam muitos vegetarianos por ali. Comemos arroz, feijão, maionese e salada.
Devidamente abastecidos, fomos conhecer o parque. Confesso que fiquei feliz ao saber que boa parte do parque pode ser conhecida de carro!
Paramos num dos pontos atrativos do parque e, incrivelmente, para quem não queria saber desta atividade tão cedo, fizemos uma trilha até a queda d’água Véu da Noiva. Por sorte era uma trilha pequena.


Concordamos que bastava uma trilha naquele dia. Entramos no carro e seguimos de volta para casa. Pegamos dois longos engarrafamentos, o que atrasou em mais de uma hora nossa volta.
Chegamos, são e salvos, às 20:00.
Moral da história: nunca siga dicas de trilheiros, por mais simpáticos e experientes que eles pareçam ser! Obedeça as regras do local! Não se aventure no Circuito dos 5 Lagos até que ele seja homologado e devidamente sinalizado!

BARRACA ALAGADA - Serrinha Itatiaia

Dia 03/07 /2015 – Sexta-feira
Partimos, às 18:00, para nosso segundo acampamento, este com a presença da Renata.
A filhota, apaixonada pelo mundo virtual, resolveu fazer uma experiência no mundo sem internet dos acampamentos! Resolvi não comprar uma barraca para ela porque, como a própria disse várias vezes:
-Talvez esse seja o primeiro e último acampamento da minha vida! Tenho a impressão que vou ficar entediada e vou odiar!!
Foi então que o Rodrigo teve a ideia de pedir a barraca de uma amiga emprestada.
E assim partimos: animados, como sempre, e Renata apreensiva e já sofrendo antecipadamente com a falta da bendita internet! Meia hora de viagem e ela indagava:
- Como vou viver dois dias inteiros sem internet?? Como vou ficar sem o Michael (personagem principal da série Prison Break) ??? Como vou ficar sem whatsapp?? Como???
Consegui distraí-la com um jogo em que falávamos uma letra e quem lembrasse de mais estados/ países com aquela letra, ganhava.
Chegamos a Serrinha, no Camping CCB, nosso já conhecido destino, às 23:30.
Deixamos, como da outra vez, o carro próximo aos banheiros e fomos procurar um lugar sossegado para armar as barracas. Armamos ao lado de uma enorme pedra! Adoro a energia das pedras! Dormir ao lado de uma então! Que maravilha!
Rodrigo armou as barracas de forma que uma porta ficou de frente para a outra, com um pequeno espaço para passagem entre elas.
Fomos dormir embalados pelo som do silêncio...


Dia 04/07/2105 – Sábado
Acordamos às 9:00 e lá estava o cenário encantador a nossa espera: verde para todos os lados, silêncio, ar puro...

Tomamos café da manhã na lona entre nossas barracas: pão bisnaguinha com manteiga, bolo de laranja e chocolate quente! Hummmmm...


Exploramos o camping: conhecemos todas as cachoeiras e poços! Uma pena estar frio ou teríamos aproveitado as piscinas naturais...
Voltamos para a barraca às 13:00. Preparamos nosso almoço: macarrão com molho Pomarola para eles e sem molho para mim.
Deitamos na canga estendida na grama. E apenas relaxamos... Que bom poder ter o prazer de não fazer nada, não pensar em nada, apenas curtir o momento! Renata preferiu ler um livro enquanto isto.
Passamos duas horas curtindo nosso “dolce far niente” e apenas nos levantamos porque o céu começou a ficar ameaçador e o Rodrigo teve a ideia de cobrirmos as barracas com lona caso chovesse mesmo.
E assim fizemos: puxa daqui, amarra ali, um pouco mais para cá e pronto: portas das barracas cobertas e protegidas caso a chuva realmente chegasse.
Fiz yoga para relaxar ainda mais! Tomamos banho, nos arrumamos e comemos uma pizza na cantina do camping. Começou a chover.
20:30 – Começou a festa de queijos e vinhos e uma banda de rock acabou com o silêncio de quem estava acampado... A banda era muito boa, mas preferíamos o silêncio de antes...
Sem alternativa, ou pagávamos e participávamos da festa, ou desarmávamos as barracas e íamos embora, ficamos com a primeira opção. Ganhamos 2 potes com queijos variados e canecas para nos servir de vinho.  Dançamos e acabamos aproveitando! Renata não estava gostando nem um pouco e resolveu dormir. Fomos até a barraca levá-la, a uns 50 metros do galpão onde a festa estava rolando. Voltamos para a festa, dançamos mais um pouco e, cansados, fomos dormir também. Mas infelizmente a música alta da festa nos atrapalhou durante ainda uma hora... Só então consegui dormir, com o convidativo som da chuva caindo na barraca...
Acordei várias vezes durante a madrugada e percebi que chovia sem parar.
Dia 05/07/2015 – Domingo
Acordamos às 9:30. Continuava chovendo e fazia bastante frio! Renata abriu a porta da barraca dela e anunciou:
-Bom dia! Entrou água na minha barraca! Molhou meu livros, meu edredom, minha bolsa, meus colchonetes....
Enfim, a lista de itens molhados era longa! Fui averiguar o estrago: estava quase tudo molhado... O que mais desesperava a Renata eram os livros molhados. Problema que ela resolveu colocando um pedaço de guardanapo entre cada folha dos livros...
Também tinha entrado água na nossa barraca, mas bem menos do que na da Renata. Apenas nossos sacos de dormir e os isolantes estavam molhados nas pontas.
Tomamos café e fomos passear no camping do lado que ainda não tínhamos ido. Vimos uma piscina natural, a sauna e o lago, onde galinhas, jacus e um pato moravam.
Fomos a pé pela estrada procurar a casa que o pai do Rodrigo tinha há uns 30 anos. Andamos, andamos, Renata reclamando o tempo todo por ter que caminhar tanto, e não encontramos a bendita casa...
Voltamos para o camping e almoçamos. Menu do dia? Macarrão! Chegamos à conclusão que não aguentamos mais comer macarrão nos acampamentos!!
Passamos horas arrumando tudo, tentando secar um pouco as coisas... Que preguiça... Rodrigo resolveu estacionar o carro ao lado das barracas para guardarmos tudo mais facilmente, ao invés de darmos várias voltas até o carro. A ideia teria sido ótima, se o carro não tivesse atolado no meio do caminho.... Por sorte dois rapazes que estavam acampados se propuseram a ajudar! Amarraram uma corda nos para-choques dos carros e o carro foi resgatado da lama! Ufa!
Colocamos tudo no carro e, Rio de Janeiro? Aí vamos nós!
Moral da história: Nunca acampe num lugar com possibilidade de chuva sem ter uma barraca apropriada!
Moral da história 2: Sim, é possível sobreviver dois dias inteiros sem internet! Ainda que você seja adolescente!

A NOITE MAIS GÉLIDA DA MINHA VIDA EM ITAIAIA - PNI


A NOITE MAIS GÉLIDA DA MINHA VIDA

Dia 05 de junho de 2015 - Sexta- feira

Saímos do Rio de Janeiro às 21:00 rumo à minha primeira experiência em acampamentos! Tudo certo para sobreviver dois dias fora de casa: barraca, saco de dormir, isolante, fogareiro, comida, muita comida!!

E lá fomos nós! Pegamos a Dutra, BR116. No KM 311 pegamos a RJ 163. Viramos à direita na entrada para Serrinha. E a temperatura foi caindo conforme íamos subindo...

Chegamos ao camping CCB a meia-noite! Cansados mas muito animados com a experiência que iríamos viver!

Rodrigo estacionou o carro próximo aos banheiros e fomos procurar um lugar para montar a barraca. Montamos em um local mais distante, onde poderíamos ficar bem sossegados.

A noite estava incrivelmente linda. Parecia que uma chuva de estrelas nos banhava! E, enquanto o Rodrigo montava a barraca, eu ajudava segurando a lanterna e de vez em quando escutava: "Presta atenção! Ilumina aqui! " Não posso negar que as estrelas e a lua estavam tirando o foco de onde a lanterna deveria iluminar...

20 minutos se passaram e pronto: nosso lar estava montado!





Fomos ao carro pegar nossa bagagem. Depois de tudo organizado, passamos um tempo com a janela aberta contemplando a lua e as estrelas.

E assim dormimos: com o tranquilizante som da cachoeira.

Dia 06 de junho de 2015 - Sábado-

Fui acordada pelo meu marido-despertador: "Já são 8:20, amor..."

Joguei o edredom para o lado, abri a barraca e me deparei com um belíssimo cenário: árvores para todos os lados, gramado verdinho e bem cortado, ar puríssimo, silêncio... Ah, como gosto dessa vida natureba!

Canga em frente à barraca, pão, polenguinho, biscoito e água (ops! Nos esquecemos do suco!): café da manhã com cara de piquenique.

Desarmamos a barraca, organizamos tudo dentro do carro e seguimos rumo a Itatiaia pela Dutra, depois pela BR 354 até a Garganta do Registro, 40 minutos por uma estrada de terra e, às 11:00, finalmente chegamos ao Parque de Itatiaia. Cruzamos com muitos carros descendo a serra que nos leva ao Parque. Paramos na recepção e, surpreendentemente, havia vaga no camping! Iupiiiiii! O site do parque dizia que o camping estava lotado. Que sorte termos tentado e conseguido!

Deixamos o carro no estacionamento, reorganizamos nossas mochilas, com o necessário para acampar até o dia seguinte. Nosso edredom e meu travesseiro, tão fofinho e grande para a mochila, ficaram no carro...

Andamos em uma estrada de terra e pedras durante 40 minutos (2,5 kms). Rodrigo com sua mochila chiquérrima da Deuter e eu com uma mochila de camelô gentilmente emprestada pela Rosana.




Chegamos ao Camping Rebouças ao meio-dia. Armamos a barraca, colocamos nossas mochilas dentro dela, almoçamos 5 pãezinhos ("almoço" idêntico ao café da manhã) e partimos, animadíssimos, para a Trilha das Prateleiras!






Depois de uma hora e meia de caminhada a passos largos, nos unimos a um grupo de oito pessoas. O guia, muito simpático e solícito, nos incentivou a fazer uma pequena escalaminhada até onde é possível subir sem apetrechos de escalada. Valeu a pena!! Que vista espetacular!!








De repente tudo foi coberto por uma densa neblina! A paisagem desapareceu entre as nuvens e o vento tornou-se incrivelmente gelado!

Aos poucos as nuvens foram indo embora e nos permitiram enaltecer novamente a beleza do local. Tiramos várias fotos! Tudo estava perfeito até o momento da descida. Eu não tinha percebido que, para descer, era preciso ficar de frente para um precipício! Oh, não! "Por que fui subir? Por quê?" Me perguntei diversas vezes...








Enquanto eu me indagava, todos do grupo iam descendo, inclusive o Rodrigo, que também tem medo de altura. O guia resolveu me ajudar porque percebeu que se não o fizesse, eu moraria lá em cima... Depois de muitos: "Bota o pé aqui, agora ali, segura aqui, confie, pode descer", eu desci! Ufa!
















Paramos ainda para tirar fotos na Pedra da Tartaruga.

Um pouco antes de chegarmos ao acampamento, paramos para relaxar ao lado de uma cachoeira. Que paz!

Resolvemos voltar para o camping quando percebemos que a temperatura estava caindo vertiginosamente!

Decidimos tomar logo banho, antes que a temperatura caísse ainda mais. Atividade que abortamos assim que soubemos que não havia água quente no chuveiro. Chegamos à conclusão de que ninguém morre pulando um dia de banho...

Fomos para a barraca e fizemos macarrão no fogareiro. Uma pena termos nos esquecido de colocar sal na mala... Mas o queijo parmesão deu uma disfarçada...

Depois do jantar, fechamos a barraca para nos proteger do frio crescente! O vento lá fora assobiava e parecia que ia varrer tudo!

Sem mais o que fazer, decidimos dormir.

Escovamos os dentes em uma água super gelada, voltamos correndo para a barraca, nos enrolamos em nossos sacos de dormir e pronto: estávamos preparados para uma tranquila noite de sono...

Quem disse? Foi aí que o meu pesadelo começou!

Rodrigo pegou no sono rapidamente e eu fiquei ali, sozinha, com meus pensamentos, meu frio e com o barulho...

Era cedo ainda e todos falavam alegremente nas barracas vizinhas. Além disso, alguns tossiam, outros espirravam e um já roncava... Como dormir assim?

Mas o barulho não era o incômodo maior: o frio começou a ficar insuportável. Meu saco de dormir parecia não existir! Resolvi colocar todas as roupas que eu havia levado: touca, luvas, duas calças, 2 meias, blusa do pijama, casaco de lã, casaco de moleton, e até o casaco cinza que usei em Bariloche! Seria impossível sentir frio assim, pensei! Deitei novamente e pouco depois estava tremendo de novo... E, como sempre é possível piorar o que já está ruim, começou a brotar água das paredes da barraca... O que deixava tudo ainda mais úmido e gelado... Além de tudo, comecei a sentir vontade de ir ao banheiro. Banheiro? Parecia estar a quilômetros de distância quando me lembrava do frio horroroso que estava lá fora, da onça e dos lobos guarás que disseram que habitam o Parque... Olhava para o lado e o Rodrigo dormindo como um anjo... Passei exatas 4 horas assim: tremendo, tendo calafrios, ouvindo ronco, tosse e espirros dos vizinhos... E então entendi porque cruzamos com tantos carros pela manhã: passaram uma noite neste inferno gelado e foram embora! E eu que cheguei a achar que éramos sortudos quando conseguimos uma vaga no camping! O que vim fazer aqui? Socorro! Alguém me ajude!

Acho que meu pedido foi tão entusiasmado que, apesar de silencioso, às 0:30 o Rodrigo acordou. Me olhou e logo perguntou: " Você ainda não dormiu?"

Foi então que ele teve a ideia genial de fazer um chocolate quente para tentar me aquecer um pouco. Sim! Tínhamos levado leite e chocolate! Aqueci minhas mãos no fogareiro ligado dentro da barraca. Me senti um pouco melhor. Deixamos o fogareiro um pouco ligado para que a água que brotou nas paredes da barraca evaporasse. Funcionou! Me senti finalmente aquecida e pronta para dormir!

Já estava até sonhando quando o Rodrigo me acordou pedindo que eu abrisse um pouco a janela para ver se desta forma parava de brotar água. Talvez o calor de dentro da barraca estivesse contrastando com o frio de fora e estivesse causando a condensação da água. (O que descobrimos depois, lendo sites de pessoas que acampam em lugares frios, que era exatamente o que estava acontecendo. Porém, foi um pouco tarde demais para fazer algum efeito...)

Pronto: o desespero se instalou novamente... Voltei a sentir um frio insuportável, a água voltou a jorrar das paredes, o som da tosse e roncos alheios voltou a incomodar... E foi assim que passei longas e inesquecíveis horas esperando amanhecer... Bem, pelo menos desta vez tive companhia: Rodrigo também não dormiu mais.

Dia 07 de junho de 2015 - Domingo

Às 6:30 resolvemos tomar café. Comer nos daria energia e quem sabe nos aqueceria um pouco!


Conversamos com um casal da barraca vizinha. Eles nos disseram que também tiveram uma noite insuportavelmente fria na primeira vez que acamparam no Parque. Disseram que é preciso estar muito bem preparado, com equipamento certo, para não padecer ao frio...



Tentei esquecer minha gélida noite caminhando. Fizemos a trilha das Agulhas Negras. A paisagem foi tornando-se lindíssima conforme fomos nos aproximando das Agulhas Negras. Infelizmente, eu e meu medo de atravessar pedras que sejam maiores que um metro, nos impediram de seguir adiante na trilha...




 Voltamos para o acampamento, todos os acampados já tinham ido embora. Almoçamos macarrão sem sal com queijo parmesão para disfarçar, desmontamos a barraca, arrumamos as mochilas e encaramos os 40 minutos de caminhada até o carro. Meus ombros pediam clemência por não aguentarem mais carregar os 4,5 quilos de bagagem naquela mochila de camelô... Enquanto isso, Rodrigo carregava feliz seus 12 quilos na sua mochila importada... Mas fiz questão de não reclamar. Não queria ouvir: “Está vendo? Não quis comprar uma mochila apropriada... Viu só? Não te disse?”







E foi assim, com minha reclamação contida, que finalmente chegamos ao estacionamento! O banco do carro nunca me pareceu tão confortável!

Depois de um longo engarrafamento, chegamos em casa às 21:00. E lá estava nossa aconchegante cama nos convidando a uma reparadora noite de sono! Cama doce cama...